O Bispo Joseph Mattera iniciou a ministração da última noite de Imersão Apostólica Profética ressaltando que o melhor tempo para a Igreja ainda está por vir. Enfatizou, ainda, a necessidade da liderança do século XXI ter uma perspectiva ampla da obra redentiva de Jesus na cruz e de como isso é fundamental para o exercício do mandato cultural.
“Essa noite iremos falar sobre termos o completo entendimento da missão integral de Jesus” – foi a frase que abriu a ministração, apontando para um ensino que direciona o corpo de Cristo à perspectiva de influência e uma mentalidade transformacional.
Jesus não estava simplesmente redimindo em nossos pecados ao vir à Terra. É preciso ter um entendimento mais profundo da obra de Cristo, tendo, destarte, mais efetividade no engajamento cultural. O evangelho não é apenas sobre a redenção de pecados individuais.
A cruz foi cosmológica em seus efeitos e em sua ação
Josep Mattera
Prosseguiu a pregação abordando 6 pontos de ensino que fornecem um “overview”, uma visão mais ampla e completa da obra de Cristo:
1) Jesus nos redimiu do pecado de Adão
Quando Adão pecou, toda sua semente foi contaminada e a morte entrou no mundo. Jesus nos livrou da condenação eterna. Isso pode ser depreendido a partir da análise de Gênesis capítulo 3, no ato de Adão e Eva, após serem tentados e comerem do fruto proibido.
Em Romanos 5:12, temos que: Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram.
Vemos aqui que todos os homens pecaram quando Adão pecou, pois a subversão da natureza humana e do relacionamento com o Criador trouxe, para a humanidade, consequências a nível corporativo e estrutural. Quando Adão foi envenenado pelo pecado, uma semente de iniquidade foi lançada para toda a humanidade, pois todos descendemos de Adão e Eva.
Alguns teólogos chamam isso de “Pecado Original” ou “Pecado Ancestral” (na terminologia dos cristãos ortodoxos). Por causa disso, a morte, a separação de Deus foram geradas, e a morte física foi estabelecida como natureza inerente à humanidade caída. Nós nascemos em um pecado ancestral, em uma raiz de iniquidade por conta de Adão. Isso se aplica a toda a humanidade. Em Romanos 5:17 fala que, por conta da transgressão (e isso significava cruzar um limite sagrado, romper a linha de segurança do relacionamento com Deus), o pecado alcançou toda a humanidade, mas afirma que, muito mais, pela ação de Jesus Cristo, todos os homens foram reconciliados e redimidos.
Nesse sentido, o poder da reconciliação em Cristo quebrou todo o poder do pecado e nos redimiu em nossas iniquidades geracionais e individuais. Em Cristo, temos amplo acesso a Deus e a um novo e vivo caminho.
2) Jesus reconciliou toda a criação de volta para si mesmo
Todo aspecto relacionado à vida foi afetado negativamente pelo pecado, mas quando Jesus se entregou em favor da criação, recebemos dele a ampla possibilidade de transformação.
Jesus conquistou a reconciliação para a humanidade através do sacrifício da cruz. Esse mesmo ministério, após a sua assunção ao céu e o derramar do Espírito Santo em Pentecostes, foi delegado à igreja, o que significa que Deus tem chamado seu povo não apenas para ir para o céu, mas para trabalhar em comunhão com Ele na reconciliação e restauração de toda criação na terra.
Desde que a Reforma Protestante ocorreu, houve um foco maior no pecado individual e não na plenitude do que Jesus fez através da cruz. É preciso ter compreensão da natureza vicária e redentiva a qual fomos inseridos.
Em Gênesis 3, vemos que o pecado de Adão sujeitou a alterações em seu DNA e relacionamento com Deus.
A humanidade foi, naquele momento, exposta ao espírito de medo, no momento em que Adão e Eva se escondem no jardim do Éden. Essa atitude perante o Senhor culmina por trazer sobre toda a criação uma percepção de negatividade e uma frequência de desesperança. O pecado de Adão trouxe uma atmosfera de dúvida acerca da natureza do Criador, e uma interpretação de Deus a partir do medo. Por serem os primeiros seres humanos, dos quais, ainda que em larga escala, toda a humanidade descende, essa mudança veio a incidir sobre toda a criação.
Todavia, a palavra de Deus nos afirma, no livro de 2 Timóteo, capítulo 1, que Ele não nos deu espírito de medo, mas de coragem. Essa natureza caída não é o plano original do Senhor para o homem e não devemos estar ansiosos por coisa alguma. Em sentido contrário: em todas as coisas, por meio de orações e súplicas, devemos buscar ao Senhor, confiantes de que Ele terá a solução e provisão necessária em todas as circunstâncias da vida.
Impacto negativo no reino animal também foi difundido no pecado original. Deus fala à serpente, ainda em Gênesis 3, que ela terá que rastejar e comerá pó da terra todos os dias de sua vida. E ainda acrescenta que colocaria inimizade entre a semente da serpente e a semente da mulher.
Precisamos entender esse texto com clareza: a semente da serpente (o inimigo) sempre iria odiar a semente da mulher, a saber: Jesus Cristo, nascido de mulher, que viria a esmagar a cabeça de Satanás e triunfar sobre as trevas.
O pecado de Adão dividiu o mundo em duas polaridades, trazendo tensão relacional entre os seres humanos. Naquele momento, ainda que houvesse só Adão e Eva, a natureza do pecado começou a trazer distorções aos relacionamentos humanos. Deus lidou com aquela situação intermediando a conexão entre Adão e sua mulher, mas o relacionamento deles havia mudado, bem como a sua percepção do Criador. Por implicação, uma frequência de tensão fora transmitida para todos os relacionamentos a partir dali, trazendo a necessidade de uma maior de quantidade de autoridade para lidar com o eixo familiar.
O pecado de Adão liberou um potencial de iniquidade de problemas em casamentos, na criação de filhos. Isso é visível já na geração posterior, no contexto relacional entre Caim e Abel.
O pecado de Adão em Gênesis 3:17-19 foi capaz de gerar um impacto negativo na geologia. A terra foi amaldiçoada por conta de Adão e espinhos brotariam. Adão teria ainda que trabalhar para prover para a sua família.
A Terra e a própria atmosfera foram mudadas naquele momento. Desde a queda de Adão, a vida humana em todas as suas esferas foi impactada.
Por isso, Jesus disse em João 10:10 que estava vindo para nos dar vida, e vida em abundância. A despeito de nossa natureza caída e do pecado original, Deus está nos possibilitando experimentar uma forma de viver quem que haja Justiça, Paz e Alegria no espírito.
Jesus reconciliou o mundo de volta a si mesmo. Mundo aqui significa “cosmos”, que representa a civilização, toda a criação e o sistema cultural.
Deus tem chamado a igreja não simplesmente para ir para o céu, não simplesmente para ser salva, mas fomos chamados para transformar a terra, reconciliando tudo a Cristo. Essa é a sabedoria do céu para sermos pacificadores, reconciliando relacionamentos e irrompendo contra as polaridades culturais. Por meio do sangue de Sua cruz, não simplesmente há a reconciliação individual, mas a possibilidade de reestabelecimento da natureza da Criação em sua essência original.
3) Jesus derrotou os anjos caídos
De acordo com a literatura judaica, e a interpretação sistemática das escrituras, a vitória de Jesus na cruz impactou toda a batalha entre o bem e mal.
O evento da rebelião angelical é citado em Gênesis capítulo 6, a partir da fala que, os homens tornam-se iníquos; a Terra enche-se de violência; toda carne é corrompida. Isso fala de anjos caídos que subverteram a natureza e o DNA humano a partir de uma raiz de iniquidade. Segundo essa interpretação, uma raça híbrida surgira, e havia gigantes na terra (nefilins); esses eram valentes, varões de renome, na antiguidade, segundo Gênesis 6:4.
De acordo com a literatura judaica, essa situação corrompeu toda a raça humana. Isso está falado em livros e registros históricos, e que essa é a raiz do ocultismo e da bruxaria, como ação de rebelião contra Deus.
Essa foi a causa do Grande Dilúvio, conforme pode ser lido no capítulo 6 do livro de Gênesis. Essa contaminação da raça humana e a subversão da natureza da criação explica o porquê Deus mandou que as nações oriundas de Caim fossem eliminadas da face da terra. Biblicamente, temos como exemplo, o rei de Basã, que é citado nas escrituras em Deuteronômio 3 como governante morreu de uma raça de gigantes. A região onde o Rei governava ficava a leste do rio Jordão e contemplava o monte Hermon, o centro da maldade humana naquela geração.
Séculos depois, o rei Jeroboão e a tribo de Dã sacrificaram e cultuaram a Baal nesse mesmo monte. Assim, fora estabelecida a adoração a outros deuses no monte Hermon, conforme o livro de 1 Reis. Por isso, essa linhagem precisava ser eliminada, pois havia corrupção. Isso foi um comando para Josué e Davi: eliminar os filhos dos gigantes da face da terra.
A relevância desse relato para a batalha espiritual da igreja é expressa séculos depois. Isso se conecta com o ministério terreno de Jesus, pois Ele foi à Cesaréia de Filipe, onde o monte Hermon ficava. O Monte Hermon, chamado também de Baal-Hermon ou Monte Sagrado, é apontado como lugar em que Jesus declara que lançaria a fundação de Sua igreja.
Nesse contexto, Jesus decreta que a pedra fundamental da Sua igreja seria edificada sobre aquele local. E que ali, no lugar chamado de “portões do inferno”, a igreja do Senhor prevaleceria.
Ao invés de correr do mal, dos portões do inferno, Jesus iniciou sua igreja decretando apostolicamente a Sua vitória diante dos poderes do mal. Deus não quer que fujamos de vizinhanças desafiadoras ou de situações evangelísticas delicadas, mas que alcancemos esses lugares e pessoas para o Seu Reino. Não importa qual a oposição demoníaca que enfrentemos: temos as chaves do Reino dos céus como igreja vencedora em Cristo!
4) Jesus reconciliou nações divididas
Em Gênesis 11, o povo foi dividido quando a torre de Babel estava sendo construída. No entanto, o que Deus dissidiu na torre de Babel, por conta da maldade humana, Cristo reconciliou na cruz. Jesus nos redimiu pelo sangue.
Na época da primeira vinda de Jesus, só Israel era tido como porção de Deus. Quando Jesus morreu na cruz, ele reconciliou o mundo de volta a si mesmo, incluindo todos os grupos étnicos existentes. Esse alcance do sacrifício do Salvador nos implica a ordem de discipular as nações.
Em Efésios 3:10 fala que os principados e potestades aprendem a sabedoria de Deus através da igreja. Por meio da igreja, os arquétipos da maldade (principados e potestades) conhecerão a Deus. A passagem citada afirma que estes ficam chocados ao ver a unidade do Corpo de Cristo.
Isso fala da redenção levada às Nações por meio da Grande Comissão expressa em Mateus 28:19-20. Precisamos compreender como cristãos que aquilo que o mundo falhou ao fazer através de esforços humanos em Babel, Jesus fez através de seu sacrifício na cruz, ou seja: há a possibilidade de redenção para todas as nações da terra.
5) Jesus quebrou a maldição da Lei
Cristo nos redimiu da maldição da lei se tornando maldição em nosso lugar, pendurado numa cruz.
Cristo nos redimiu, se tornando maldição em nosso lugar. O madeiro, a cruz levou nossos pecados e pelas pisaduras de Jesus formos sarados. Ele levou sobre si todas as maldições mencionadas em Deuteronômio 28, nos redimindo de todas elas.
O sacrifício vicário garante, para todo aquele que crê em Jesus como Salvador, o acesso ao perdão pelos pecados e a assumpção de uma nova natureza. Nos é possível nascer de novo, sendo trasladados do reino das trevas para o Reino de Deus.
6) Jesus derrotou os principados e poderes caídos
Aos principados foram dados poder sobre as nações. Isso ocorre pela perda da autoridade a partir do pecado original.
Nesse contexto, a humanidade, a quem tinha sido delegado o domínio sobre a terra, passa a ter dificuldades em exercer o mandato cultural. Essa autoridade perdida no Éden deu acesso ao inimigo, que passou a atuar na vida dos homens e nas nações. Satanás engana e cega as nações, levando-as a adorar falsos deuses Em Deuteronômio 22, podemos interpretar que, naquele contexto do Velho Testamento, as nações começaram a adorar os anjos caídos e falsos deuses.
Inicialmente, na velha aliança, a salvação era para a nação de Israel, mas depois da ressurreição, toda autoridade do mundo foi devolvida a Jesus. Dessa forma, a porção de Deus agora, não era somente Israel, mas todas as nações da terra.
No Salmo 82 fala que Deus repreendeu os seres espirituais poderosos, que eram adorados, e que reestabelecia a verdadeira adoração.
Depois da ressurreição, a humanidade foi reconciliada por completo, e por isso Jesus requereu todas as Nações para o Reino de Deus.
Ao analisarmos esses pontos, podemos ver que a obra de Jesus é completa! Se trata de absoluta redenção: da Terra, da raça humana e de toda a criação.
Quando separamos o evangelho do Reino de Deus, pregando somente a salvação individual, estamos focando em um nível inferior de batalha espiritual.
Não se trata de negar a importância da salvação, todavia, precisamos entender que a visão do Reino toca todas as áreas da vida humana.
Por isso Deus nos comandou a sermos vigilantes, sóbrios e mantermos nossos olhos Nele, tomarmos toda a armadura de Deus e permanecermos!
Fechando essa sobrenatural noite de ensino apostólico- profético, o Bispo Jb Carvalho nos alerta que toda cosmologia e toda cosmogonia têm similaridades com o texto bíblico, ou seja, toda falsa adoração mística e mitológica usa de elementos e interpretações distorcidas para levar o povo de Deus ao engano. Exemplo disso é o relato histórico do Monte Pérgamon e do altar de Zeus naquele local, bem como a descrição da guerra dos deuses contra os titãs na Mitologia Grega.
Por isso, Jesus falando à igreja de Pérgamo através do apostolo João no livro de Apocalipse, fala sobre arrancar o trono de Satanás daquele local, que representa essa rebelião angelical segue incidindo sobre a igreja. Essa é a natureza da Igreja Vitoriosa: triunfar com Cristo!
Jesus tenha derrotou o diabo, e nós, Sua imagem e semelhança, precisamos permanecer firmes e de pé.
Estamos sendo convocados à um tempo de consagração e jejum, de crescimento, imersão na palavra de Deus e na Sua Presença.
Igreja de Cristo: vista-se da armadura de Deus, como é comandado em Efésios 6, pois, não lutamos contra carne ou sangue mas contra os principados e potestades. Mas através da obra de redenção de Jesus já vencemos o mal e reinaremos em vida com Ele. Em Cristo, somos mais que vencedores!
por Ana Seligmann/CNConteúdo