Em nossos dias, tem sido quase impossível acessar as redes sociais e não se deparar com temas relacionados às emoções; inteligência emocional, gestão das emoções, equilíbrio emocional são alguns exemplos de cursos e palestras disponíveis no mercado.
Falar sobre “emoções” envolve teorias controversas sobre sua definição, funcionamento e função no ser humano. O estudo e a aplicação desse importante construto recebeu maior ênfase na chamada 3ª onda das Terapias Cognitivas, na qual a psicologia positiva, a psicoterapia voltada para a compaixão e aceitação, a terapia do esquema trouxeram maior ênfase nos aspectos emocionais da experiência.
O que parece ser relativamente “novo” e, por vezes, desconhecido aos cientistas do comportamento humano, tem sua manifestação no grande ato divino da criação humana. Antes mesmo da queda, Eva “desejou” o fruto, ou seja, desejo emocional e livre-arbítrio exigiam uma escolha equilibrada diante de uma aguçada vontade de experienciar. Nós sabemos o que aconteceu, foi a primeira vez que eles experimentaram a vergonha e o medo. Brené Brown, em seu estudo sobre a vergonha, afirma que a vergonha é o medo da desconexão. Alguns psicólogos cognitivos vão afirmar que as emoções são fruto de processos cognitivos. Outros vão argumentar que as emoções vêm antes da cognição. Enfim, a concordância reside no fato de que as emoções traduzem as nossas necessidades emocionais e que estas, quando não são supridas ou supridas de forma tóxica, podem levar o individuo ao manejo inadequado de suas reações, gerando desequilíbrio e desregulação. É o que percebemos nos dois maiores transtornos emocionais da atualidade, Transtornos da Ansiedade e Transtorno Depressivo.
Pessoas tem clamado por suporte nessa área. Elas conseguem afirmar como se sentem, mas não aprenderam a regular esse mecanismo fundamental em nosso funcionamento. Muitas delas, ficaram presas em ciclos de auto depreciação e autocritica. Não conseguem acessar os benefícios do amor, da compaixão, da gratidão e do perdão, pois quando tinham que ser cuidadas e amadas, elas foram machucadas; construíram um muro de proteção acreditando serem desamparadas, desprotegidas e desvalorizadas. A reparação está em acessar o lugar da quebra, da desconexão e se conectar ao amor. O amor presente na cruz que traduz a conexão com o Pai, conosco mesmo e com o próximo.
Anielle Campos, psicóloga clínica especialista em Terapia Cognitivo-comportamental; líder do ministério de aconselhamento da Comunidade das Nações